sexta-feira, 8 de junho de 2012

Texto Dissertativo: Lev Vygotsky


A pesquisa desenvolvida, no que tange o conceito de escola, ensino e aprendizagem, foi elaborada através de fontes de teoria de Vygotsky. Essa escolha dá-se ao fato dele ter realizado estudos sobre a infância e atribuir ao social, e conseqüentemente, à linguagem e a educação, papel decisivo na formação do ser humano, principalmente nos anos iniciais.
Vygotsky estruturava seu conhecimento dentro de uma proposta interdisciplinar. Para ele a aprendizagem é um processo social e, por isso, deve ser mediada. Nessa concepção, o papel da escola é orientar o trabalho educativo para estágios de desenvolvimento ainda não alcançados pelo aluno, impulsionando novos conhecimentos e novas conquistas a partir do que já sabe, constituindo uma ação colaborativa entre o educador e o aluno.
Lev de Seminovivh Vygotsky, viveu apenas 37 anos. Nasceu em 17 de novembro de 1896 em Orsah, capital da Bielo-Russia, região dominada pela Rússia descendentes de judeus, era de uma família de boas condições econômicas. Até os 15 anos sua família educou em casa, com tutores particulares. As 18 anos tentou ser médico, entrando no curso de medicina em Moscou, mas se formou em direito. De volta a terra natal em 1917 lecionou literatura, estética e história da arte e fundou um laboratório de psicologia, graças a sua cultura enciclopédica, seu pensamento inovador e sua intensa atividade, ganhou destaque, tendo produzido mais de 200 trabalhos científicos.
Casou com Roza Smekhova e tiveram duas filhas. Autor de grande importância para a educação, que vem sendo estudado muito atualmente e que possui uma característica interessante em sua teoria, a histórico-cultural, para o professor de línguas. Ele atribui extrema importância à linguagem e aos símbolos no processo de desenvolvimento da inteligência humana. O seu interesse pela Psicologia levou-o a uma leitura crítica de toda produção teórica de sua época, nomeadamente as teorias da "Gestalt", da Psicanálise e o "Behaviorismo", além das ideias do educador suíço Jean Piaget.
A experiência vivida na formação de professores levou-o ao estudo dos distúrbios de aprendizagem e de linguagem, das diversas formas de deficiências congênitas e adquiridas, a exemplo da afasia.
Em menos de 38 anos de vida, Vygotsky conheceu momentos políticos drasticamente diferentes, que tiveram forte influência em seu trabalho. Nascido sob o regime dos czares russos, Vygotsky acompanhou de perto, como estudante e intelectual, os acontecimentos que levaram à revolução comunista de 1917. O período que se seguiu foi marcado, entre outras coisas, por um clima de efervescência intelectual, com a abertura de espaço para as vanguardas artísticas e o pensamento inovador nas ciências, além de uma preocupação em promover políticas educacionais eficazes e abrangentes. Logo após a revolução, Vygotsky intensificou seus estudos sobre psicologia. Visitou comunidades rurais, onde pesquisou a relação entre nível de escolaridade e conhecimento e a influência das tradições no desenvolvimento cognitivo. Com a ascensão ao poder de Josef Stalin, em 1924, o ambiente cultural ficou cada vez mais limitado. Vygotsky usou a dialética marxista para sua teoria de aprendizado, mas sua análise da importância da esfera social no desenvolvimento intelectual era criticada por não se basear na luta de classes, como se tornara obrigatório na produção científica soviética.
Faleceu em Moscou, em 11 de junho de 1934, vítima de tuberculose, doença com que conviveu durante quatorze anos.
Em 1936, dois anos após sua morte, toda a obra de Vygotsky foi censurada pela ditadura de Stalin e assim permaneceu por 20 anos.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Philippe Perrenoud: Escola x Ensino e Aprendizagem.


 
Escola:

A escola é um local que deve trazer desafios aos educandos. Para o autor, a competência é uma faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos que levam o aluno a solucionar com pertinência e eficiência uma série de situações, sendo a escola o principal agente na aquisição e formação dessa competência.  Esta deve ser desafiadora, pois é um recurso importante para a vida toda.
Perrenoud assegura que na educação básica, mais importante que aprender a ler e escrever, é capacitar o aluno a raciocinar, exemplificar, resumir, observar, comparar, pensar, entre outros.  A meta do ensino deve ser preparar o aluno para utilizar esses recursos na sua vivência escolar, profissional, social. Cabe ao professor qualificar e aprimorar o aluno para atingir esse objetivo.
Segundo o autor, o sentido ou significado da “Escola do Futuro” envolve uma relação entre investimentos e resultados. Deve ter uma pedagogia eficaz que ajude o aluno a não se desestimular ao ver que o seu progresso tem pouca relação com o tamanho dos esforços empenhados.  Esse sentido tem, também, relação com o saber, com o projeto de vida; com a utilidade desse saber para a vida (sua necessidade). Os currículos por competência podem contribuir para dar mais sentido a esses saberes, ligando-os mais a ação.
As tecnologias, simulação, podem ajudar o aluno a entender melhor a utilização (representação) desses conhecimentos na solução dos problemas (práticas) sociais e a perceber, assim, que esses conhecimentos e competências são essenciais para sua vida, dentro e fora do ambiente escolar.
Neste sentido, as tecnologias podem desempenhar papel colaborativo ao passo que o mundo virtual pode contribuir para que o aluno tenha noção das representações práticas sociais e é a partir de então que o papel de mediador do professor é essencial para seguir as pistas traçadas por essa nova pedagogia e pelas pesquisas entre saber e a construção do sentido.  O sistema educativo precisa estar atento para as “diferenças”, pois acolhe crianças e adolescentes bastante diferentes.  Mas para que possamos atingir os objetivos esperados é necessário que tenhamos professores qualificados, com amplos conhecimentos na área das ciências humanas, com uso de práticas reflexivas e capacidade de inovação,  além de vontade política forte e duradoura.


Ensino:

Ensinar hoje, de acordo com os princípios pedagógicos construtivistas1, deveria ter por objetivo conceber, encaixar e regular situações de aprendizagem. A aprendizagem deve respeitar os conhecimentos pré-existentes do aluno, a escola deve unificar e regular o aprendizado, devendo ser o agente formador da competência cognitiva, pois a aprendizagem vai além da escola, surge de práticas pedagógicas. O veiculo utilizado pela escola é o ensino, que deve ser sólido e bem alicerçado.
O autor traz um modelo de educação que se baseia em ciclos de avaliação de três anos, onde a criança tem esse tempo para desenvolver suas habilidades, sendo esse o tempo necessário para que ela atinja um grau de maturidade e desenvolvimento, formando, assim, o processo de aprendizagem. A repetição de ciclos não é solução para as desigualdades. Estudos mostram que o atraso escolar não provoca a nivelação dos alunos, mas os deixa estigmatizados, continuam as dificuldades e são menores as chances no momento das decisões de orientação, sendo assim, não existem benefícios positivos para o aluno no alongamento de sua passagem por um ciclo. Defende, sim, uma diferenciação na qualidade dos tratamentos pedagógico e didático, ou seja, a verdadeira “discriminação positiva”: oferecer, aos com mais dificuldade, mais inteligência profissional, mais atenção, mais disponibilidade, sendo uma forma de justiça social; a cada um segundo suas necessidades. Sem descuidar dos bons alunos;  dar priorizar aos fracos e médios.  Assim, a escola deve seguir o
princípio  de urgência, ou seja,  priorizar aqueles que mais precisam de sua atenção.  Para Philippe o objetivo da profissionalização dos docentes é

1 O construtivismo propõe que o aluno participe ativamente do próprio aprendizado, mediante a experimentação, a pesquisa em grupo, o estimulo a dúvida e o desenvolvimento do raciocínio, entre outros procedimentos. A partir de sua ação, vai estabelecendo as propriedades dos objetos e construindo as características do mundo, etc
habilitá-los para a complexidade, diversidade e para as diversas situações que terá de enfrentar. Desta forma, poderá  atingir os pressupostos da competência na prática educacional, sendo  preciso esclarecer as urgências e as incertezas da ação pedagógica, sua parcela de criatividade, improvisação, solidão, desânimo, negociação, didática, conhecimentos racionais e capacidade de resolução de dificuldades.

Aprendizagem:

Para Perrenoud, é através de tarefas complexas que faz os alunos sentir a necessidade de pensar, mobilizar seus conhecimentos, e complementá-los na tarefa de solucionar problemáticas, projetos e tarefas desafiadoras. Surgindo, assim, a necessidade do desafio no cotidiano escolar. Os projetos escolares devem ser provocadores, recursos com os quais os alunos ampliem, completem e pratiquem o aprendizado em sala de aula.

Os ciclos de aprendizagem plurianuais estão sendo discutidos em vários sistemas educacionais do mundo.
Têm as seguintes ideias base: Substituir as etapas anuais de progressão por no mínimo dois anos (ou três ou quatro anos); fixar os objetivos de aprendizagem para cada ciclo e capacitar os profissionais da educação para orientar e facilitar os percursos de formação (aprendizagem) das crianças (como já é feito durante o ano letivo). Segundo o autor, esse é o caminho para transformar a escola em um ambiente mais justo e eficaz.
Para o autor, os ciclos não resolvem todos os problemas da escolarização, nem dos professores, nem, tampouco, os de infraestrutura. Mas, em regiões em que os alunos são escolarizados em boas condições, os ciclos oferecem uma organização diferenciada o que facilita  à luta contra o fracasso escolar ao  criar melhores condições, espaços e tempos de formação que favoreçam o uso de uma pedagogia diferenciada, uma individualização de recursos e um ensino estratégico.
Em seu livro, as 10 competências para ensinar, Perrenoud, 2000, os alunos estão classificados em baixo, médio e alto grau de aprendizagem. Para que o ensino chegue a todos os alunos, cabe ao professor ser criativo e elaborar tarefas que atinjam, principalmente, aqueles com mais dificuldade de aprendizado, dando a estes mais oportunidades de atingirem níveis mais elevados de conhecimento. Philippe (2000, p.33) salienta:

Salvo para alguns, aprender exige tempo, esforços, emoções dolorosas: angústias do fracasso, frustração por não conseguir aprender, sentimento de chegar aos limites, medo do julgamento de terceiros. Para consentir em tal investimento, e, portanto, tomar a decisão de aprender e conservá-la, é preciso uma boa razão. O prazer de aprender é uma delas, o desejo de saber é outra.

Desta forma, a estratégia do professor pode desenvolver-se de duas formas, a primeira criar, intensificar e diversificar o desejo de aprender e favorecer ou reforçar a decisão de aprender.
No que tange a avaliação, sob a ótica da competência, cabe à escola pensar na educação a partir de uma perspectiva de base democrática não se restringindo apenas à relação de igualdade, mas pensar também na relação entre os membros da comunidade escolar. Cabe destacar que os objetivos da avaliação são regular a autonomia dos agentes educacionais (alunos) bem como identificar as dificuldades destes no momento de se colocar em prática os processos pedagógicos. A avaliação para as competências é viabilizar a construção do lapso-temporal pedagógico que possa favorecer o desenvolvimento da postura prática e reflexiva.
O professor deve ser compromissado com o ato de ensinar, transformando o aprendizado em um ato agradável. O fato de o professor estar desmotivado (salários baixos) não deve justificar o repasse de uma educação deficitária, o que acaba por desestimular os alunos.




Referências Bibliográficas

E. Educacional. Entrevistas: O pensador de ciclos. Disponível em: <http://www.educacional.com.br/entrevistas/entrevista0108.asp> Acesso em 23 abril 2012.

Folha On Line. Colunistas: Philippe Perrenoud: O futuro da escola nos pertence. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u511.shtml> Acesso em 23 abril 2012.

InfoEscola - Navegando e Aprendendo. Biografias: Philippe Perrenoud. Disponível em: <Infohttp://www.infoescola.com/biografias/philippe-perrenoud/> Acesso em 25 abril 2012.

LIBÂNEO, José Carlos. Concepções de Escola, Ensino e Aprendizagem. Disponível em <http://autoresdoensino.blogspot.com.br/2011/12/philippe-perrenoud.html> Acesso em 02 maio 2012.

PERRENOUD, Philippe. Dez Novas Competências para Ensinar. Trad. Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Artmed, 2000. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/47434267/Philippe-Perrenoud-10-Novas-Competencias-Para-Ensinar> Acesso em 30 abril 2012.


domingo, 20 de maio de 2012

Resenhas Críticas


Neste espaço pretendemos disponibilizar textos produzidos pelos participantes da disciplina Pesquisa e Prática Pedagógica III do curso de Letras - 3° Semestre EAD Unifacs.

Fotos e Publicações Philippe Perrenoud

Congresso de Pesquisa em Psicologia e Educação Moral na UNICAMP.

I Simpósio Internacional de Londrina com a Palestra: Competências e Habilidades.

Participação do programa Roda Viva na TV Cultura.

Congresso Educativo. Plueba 2011.

OBRAS E PUBLICAÇÕES




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segunda-feira, 14 de maio de 2012


20.8.2001
Philippe Perrenoud- O professor do futuro e suas competências
Ebenezer de Menezes, da Agência EducaBrasil


Em termos de educação, o contraste entre Brasil e Europa não é tão grande. Apesar do nível de vida ser mais elevado, com desigualdades sociais menores, a Europa tem muitas escolas ineficazes. Isso acontece porque nenhum governo tem dinheiro suficiente que a educação merece. Com essas colocações, o sociólogo, pesquisador e professor Philippe Perrenoud, da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Genebra, na Suíça, abriu sua palestra sobre a formação de professores, num seminário promovido pela Pueri Domus Escolas Associadas, em conjunto com a Artmed Editora, que reuniu cerca de 700 pessoas no Hotel Intercontinental, em São Paulo, nos dias 10 e 11 de agosto, e contou também com a participação de Monica Gather Thurler, educadora da mesma universidade suíça.
Autor de A pedagogia na escola das diferenças, pela Artmed, Perrenoud tem influenciado o pensamento educacional brasileiro e as reformas promovidas pelo MEC. No primeiro momento de sua palestra, abordou os objetivos da escola e a relação com a formação de professores. Depois, fundamentado em suas pesquisas, recomendou orientações básicas para uma formação inicial de professores.
“Somos incapazes de imaginar o que vai acontecer em 2050; talvez nosso planeta nem exista mais”, supôs o pesquisador para perguntar: “Qual seria a formação de professor possível em 2010?” Para responder a essa pergunta, fez outra: “Quais são as finalidades da escola?” Em seu esclarecimento, argumentou que não se pode formar professores sem fazer escolhas ideológicas de acordo com o modelo de sociedade e de um ser humano que defendemos. Ele entende que, diante dessas escolhas, vamos atribuir as mesmas finalidades à escola e, conseqüentemente, para o papel dos professores.
“Mesmo em uma sociedade de globalização, a educação não é unificada”, salientou, lembrando que a finalidade da educação, no Brasil, continua sendo um assunto apenas dos brasileiros. A grande questão, segundo Perrenoud, é se esse processo de escolha vai ser feito de forma democrática ou à serviço da reprodução das desigualdades. “Essa questão não foi resolvida em parte alguma, nem na Suíça nem no Brasil nem em qualquer país da América Latina”, garantiu.
Com relação às finalidades da educação, Perrenoud disse que não há motivos para sermos otimistas. “Não estamos nesse mundo de sonhos de Morin (referência a Edgar Morin); estamos num mundo duro, onde há conflitos, exploração e dominação”, alertou. Nesse contexto, podemos identificar uma tensão entre as finalidades ideais e as designadas à escola, que nem sempre são as mesmas. “Não podemos sonhar demais, mas pelo menos é possível ver se a escola está evoluindo no sentido dessas idéias mais generosas de Morin, observando que tipo de professor devemos formar para esse tipo de escola, porque esta é a única que me interessa”, ressaltou o professor. Os sete saberes necessários à educação do futuro, de Edgar Morin, lembrados na palestra, são basicamente: as cegueiras do conhecimento – o erro e a ilusão; os princípios de um conhecimento pertinente; ensinar a condição humana; ensinar a identidade terrena; enfrentar as incertezas; ensinar a compreensão e a ética do gênero humano.
Sobre a sua escolha ideológica, Perrenoud deixou claro que não lhe interessa professores que apenas servem para reproduzir as desigualdades. O que interessa para ele é formar professores para democratizar a cultura e criar indivíduos autônomos em sociedades democráticas. Para tanto, propôs algumas qualidades esperadas no educador do futuro, no âmbito da socialização e da cidadania. Ou seja, o professor deve ser uma pessoa confiável e coerente, com quem o aluno possa conversar e que tenha prazer em falar com os jovens. É preciso também ser um mediador entre as culturas e um estimulador de uma comunidade educativa. Além disso, espera-se que esse professor respeite regras mínimas, representando uma garantia da lei. É preciso, sem ignorar as outras qualidades, respeitar a palavra do outro e trabalhar para organizar uma vida democrática a partir da escola, onde aprendemos a tomar decisões conjuntas. Espera-se também que o profissional da educação seja capaz de transmitir a cultura sem ser entediante, fazendo as pessoas se sentirem como parte de uma comunidade que tem história. E por último, o educador deve ser um intelectual, ou seja, um indivíduo que tenha uma relação com o saber e com o debate. “Não deve ser um burocrata da cultura; tem que refletir e expor questões que podem mudar a vida; muitos já têm essas qualidades, mas deve isso à família, à profissão, à formação....”
Com relação à construção de saberes e competências, Perrenoud disse que o professor deve ser o organizador de uma pedagogia construtivista, para que os alunos tenham condições de construir seus próprios saberes. Deve também dar a garantia de sentido dos saberes, pois muitos alunos, segundo o sociólogo, não sabem porque estão aprendendo. Além disso, o professor deve ser um engenheiro de situações de aprendizagem; deve administrar uma heterogeneidade crescente de origens sociais, de níveis escolares diferentes; deve ser capaz de gerir percursos de formação individualizados. “Essas competências são raras hoje em dia”, lamentou, insistindo que devemos considerar o conjunto dessas dimensões para termos um programa de formação exigente.
E completou: “Não podemos ter apenas listas de competências; deve-se ter uma dimensão mais global, para os professores não serem apenas técnicos”. Ou seja, o importante seria uma dimensão reflexiva capaz de aprender constantemente com a experiência, construindo saberes durante os percursos profissionais individuais ou coletivos. Trata-se de dizer, em outras palavras, que o professor deve ter uma “autoformação permanente”. “Sempre que um aluno não aprende em sala de aula, temos matéria para refletir, para perguntar como fazer para atingir os objetivos da aprendizagem”, explicou, lembrando do papel de professor como intelectual na sociedade, “como alguém que deve participar do debate sobre educação, sobre o sentido da educação, não só para defender os interesses sindicais e corporativos, mas também para ajudar a sociedade, para saber de que cultura ela precisa e como ela quer reparti-la”. Atualmente, segundo Perrenoud, muitos professores estão ausentes do debate político sobre a educação: “Muitos não lêem jornal e acham a política um coisa chata.”
Na segunda parte de sua fala, Perrenoud apresentou uma concepção de formação de professores para se criar uma escola capaz de desenvolver uma autonomia dos saberes, a democracia e a capacidade dos alunos em construir e defender um ponto de vista pessoal numa ação coletiva em que a escola se insere. Para isso, considerou dez critérios de qualidade para a formação inicial dos professores. O primeiro diz que é importante haver uma transposição didática na formação, baseada na análise das práticas e de sua evolução na história. Em outras palavras, uma formação que permita observar a realidade das condições de trabalho dos professores, visando uma atividade real.
O segundo critério diz que é preciso um referencial de competências que identifique os saberes e as capacidades exigidas. “Se os alunos estão ausentes, se são mendigos ou ladrões, o professor deve ser capaz de lidar com eles; se os alunos não vêem sentido na Matemática, o professor deve ser capaz de justificar e ligar esse conteúdo às práticas sociais, aos problemas da humanidade, a um uso filosófico e prático desse saber; se o programa exige ensinar gramática a alunos que não sabem ler, o professor deve ensinar primeiro a ler”, orientou o sociólogo, fazendo um alerta: “Isso tudo significa correr riscos”.
Outro critério de qualidade na formação inicial dos professores é a necessidade de uma plano de formação organizado em torno das competências. Por que aprender História da Educação ou Filosofia? Segundo Perrenoud, o professor deve saber que não precisamos apenas de saberes práticos, “porque uma prática reflexiva passa por saberes de alto nível teórico, epistemológico e filosófico”. Além disso, a formação inicial dos educadores deve ser estruturada numa aprendizagem por meio de problemas, como num procedimento clínico de alguns cursos de medicina. Neste caso, os alunos deixam de ter muita teoria e conhecimentos básicos, num primeiro momento, para lidar diretamente com os pacientes e seus problemas. No primeiro dia da faculdade, os alunos teriam que lidar com problemas, que seriam mais complexos com o tempo. Isso muda, segundo Perrenoud, o status do conhecimento que se torna uma forma de resolver problemas. Ou seja, os alunos têm que pesquisar, estudar e receber ajuda dos professores. Com isso, voltam aos problemas com armas para resolvê-los. Dessa forma, com o problema em primeiro lugar, temos o motor da busca do conhecimento, muito distante da situação lamentada pelo pesquisador: “Os alunos não fazem perguntas e nós (professores) damos as respostas”. Para Perrenoud, essa inversão é uma revolução no currículo para a formação de professores.


quinta-feira, 10 de maio de 2012

Philippe Perrenoud: uma educação para vida.







Construindo competências
Entrevista com Philippe Perrenoud, Universidade de Genebra
Paola Gentile e Roberta Bencini
O objetivo da escola não deve ser passar conteúdos,
mas preparar - todos - para a vida em uma sociedade moderna

  • 1. O que é competência ? Poderia me dar alguns exemplos ?

Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações etc) para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações. Três exemplos:
·  Saber orientar-se em uma cidade desconhecida mobiliza as capacidades de ler um mapa, localizar-se, pedir informações ou conselhos ; e os seguintes saberes : ter noção de escala, elementos da topografia ou referências geográficas.
·  Saber curar uma criança doente mobiliza as capacidades de observar sinais fisiológicos, medir a temperatura, administrar um medicamento ; e os seguintes saberes : identificar patologias e sintomas, primeiros socorros, terapias, os riscos, os remédios, os serviços médicos e farmacêuticos.
·  Saber votar de acordo com seus interesses mobiliza as capacidades de saber se informar, preencher a cédula ; e os seguintes saberes : instituições políticas, processo de eleição, candidatos, partidos, programas políticos, políticas democráticas etc.
Esses são exemplos banais. Outras competências estão ligadas a contextos culturais, profissionais e condições sociais. Os seres humanos não vivem todos as mesmas situações. Eles desenvolvem competências adaptadas a seu mundo. A selva das cidades exige competências diferentes da floresta virgem, os pobres têm problemas diferentes dos ricos para resolver. Algumas competências se desenvolvem em grande parte na escola. Outras não.
  • 2. De onde vem a idéia de competência na educação ? Quando começou a ser empregada ?

Quando a escola se preocupa em formar competências, em geral dá prioridade a recursos. De qualquer modo, a escola se preocupa mais com ingredientes de certas competências, e bem menos em colocá-las em sinergia nas situações complexas. Durante a escolaridade básica, aprende-se a ler, a escrever, a contar, mas também a raciocinar, explicar, resumir, observar, comparar, desenhar e dúzias de outras capacidades gerais. Assimila-se conhecimentos disciplinares, como matemática, história, ciências, geografia etc. Mas a escola não tem a preocupação de ligar esses recursos a certas situações da vida. Quando se pergunta porque se ensina isso ou aquilo, a justificativa é geralmente baseada nas exigências da seqüência do curso : ensina-se a contar para resolver problemas ; aprende-se gramática para redigir um texto. Quando se faz referência à vida, apresenta-se um lado muito global : aprende-se para se tornar um cidadão, para se virar na vida, ter um bom trabalho, cuidar da sua saúde. A onda atual de competências está ancorada em duas constatações :
1. A transferência e a mobilização das capacidades e dos conhecimentos não caem do céu. É preciso trabalhá-las e treiná-las. Isso exige tempo, etapas didáticas e situações apropriadas.
2. Na escola não se trabalha suficientemente a transferência e a mobilização não se dá tanta importância a essa prática. O treinamento, então, é insuficiente. Os alunos acumulam saberes, passam nos exames, mas não conseguem mobilizar o que aprenderam em situações reais, no trabalho e fora dele (família, cidade, lazer etc)
Isso não é dramático para quem faz estudos longos. É mais grave para quem freqüenta a escola somente por alguns anos. Formulando-se mais explicitamente os objetivos da formação em termos de competência, luta-se abertamente contra a tentação da escola :
·  de ensinar por ensinar, de marginalizar as referências às situações da vida ;
·  e de não perder tempo treinando a mobilização dos saberes para situações complexas.
A abordagem por competências é uma maneira de levar a sério, em outras palavras, uma problemática antiga, aquela de transferir conhecimentos.
  • 3. Quais as competências que os alunos devem ter adquirido ao terminar a escola ?

É uma escolha da sociedade, que deve ser baseada em um conhecimento amplo e atualizado das práticas sociais. Para elaborar um conjunto de competências, não basta nomear uma comissão de redação. Certos países contentaram-se em reformular os programas tradicionais, colocando um verbo de ação na frente dos saberes disciplinares. Onde se lia "ensinar o teorema de Pitágoras", agora lê-se "servir-se do teorema de Pitágoras para resolver problemas de geometria". Isso é maquiagem. A descrição de competências deve partir da análise de situações, da ação, e disso derivar conhecimentos. Há uma tendência em ir rápido demais em todos os países que se lançam na elaboração de programas sem dedicar tempo em observar as práticas sociais, identificando situações nas quais as pessoas são e serão verdadeiramente confrontadas. O que sabemos verdadeiramente das competências que têm necessidade, no dia-a-dia, um desempregado, um imigrante, um portador de deficiência, uma mãe solteira, um dissidente, um jovem da periferia ? Se o sistema educativo não perder tempo reconstruindo a transposição didática, ele não questionará as finalidades da escola e se contentará em verter antigos conteúdos dentro de um novo recipiente. Na formação profissional, se estabelece uma profissão referencial na análise de situações de trabalho, depois se elaborou um referencial de competências, que fixa os objetivos da formação. Nada disso acontece na formação geral. Por isso, sob a capa de competências, dá-se ênfase a capacidades sem contexto. Resultado : conserva-se o essencial dos saberes necessários aos estudos longos, e os lobbies disciplinares ficam satisfeitos.
  • 4. O sr. poderia dar um exemplo daquilo que é preciso fazer ?

Eu tentei um exercício para identificar as competências fundamentais para a autonomia das pessoas. Cheguei a oito grandes categorias : saber identificar, avaliar e valorizar suas possibilidades, seus direitos, seus limites e suas necessidades ; saber formar e conduzir projetos e desenvolver estratégias, individualmente ou em grupo ; saber analisar situações, relações e campos de força de forma sistêmica ; saber cooperar, agir em sinergia, participar de uma atividade coletiva e partilhar liderança ; saber construir e estimular organizações e sistemas de ação coletiva do tipo democrático ; saber gerenciar e superar conflitos ; saber conviver com regras, servir-se delas e elaborá-las ; saber construir normas negociadas de convivência que superem diferenças culturais. Em cada uma dessas grandes categorias, deveria ainda especificar concretamente grupos de situações. Por exemplo : saber desenvolver estratégias para manter o emprego em situações de reestruturação de uma empresa. A formulação de competências se afasta, então, das abstrações ideologicamente neutras. De pronto, a unanimidade está ameaçada e reaparece a idéia que os objetivos da escolaridade dependem de uma escolha da sociedade.
  • 5. A Unesco fez ou seguiu alguma experiência antes de recomendar essas mudanças dentro dos currículos e nas práticas da educação ?

Eu não tenho uma resposta precisa. O movimento é internacional. Nos países em desenvolvimento as metas não são as mesmas que nos países hiper escolarizados. A Unesco observa que dentre as crianças que têm chance de ir à escola somente alguns anos, uma grande parte sai sem saber utilizar as coisas que aprenderam.
É preciso parar de pensar a escola básica como uma preparação para os estudos longos. Deve-se enxergá-la, ao contrário, como uma preparação de todos para a vida, aí compreendida a vida da criança e do adolescente, que não é simples.
  • 6. Nesse contexto, quais são as mudanças no papel do professor ?

É inútil exigir esforços sobre humanos aos professores, se o sistema educativo não faz nada além de adotar a linguagem das competências, sem nada mudar de fundamental. O mais profundo indício de uma mudança em profundidade é a diminuição de peso dos conteúdos disciplinares e uma avaliação formativa e certificativa orientada claramente para as competências. Como eu disse, as competências não dão as costas para os saberes, mas não se pode pretender desenvolvê-las sem dedicar o tempo necessário para colocá-las em prática. Não basta juntar uma situação de transferência no final de cada capítulo de um curso convencional. Se o sistema muda &emdash; não somente reformulando seus programas em termos de desenvolvimento de competências verdadeiras, mas liberando disciplinas, introduzindo os ciclos de aprendizagem plurianuais ao longo do curso, chamando para a cooperação profissional, convidando para uma pedagogia diferenciada &emdash; então o professor deve mudar sua representação e sua prática.
  • 7. O que o professor deve fazer para modificar sua prática ?

Para desenvolver competências é preciso, antes de tudo, trabalhar por problemas e por projetos, propor tarefas complexas e desafios que incitem os alunos a mobilizar seus conhecimentos e, em certa medida, completá-los. Isso pressupõe uma pedagogia ativa, cooperativa, aberta para a cidade ou para o bairro, seja na zona urbana ou rural. Os professores devem parar de pensar que dar o curso é o cerne da profissão. Ensinar, hoje, deveria consistir em conceber, encaixar e regular situações de aprendizagem, seguindo os princípios pedagógicos ativos construtivistas. Para os adeptos da visão construtivista e interativa da aprendizagem, trabalhar no desenvolvimento de competências não é uma ruptura. O obstáculo está mais em cima : como levar os professores habituados a cumprir rotinas a repensar sua profissão ? Eles não desenvolverão competências se não se perceberem como organizadores de situações didáticas e de atividades que têm sentido para os alunos, envolvendo-os, e, ao mesmo tempo, gerando aprendizagens fundamentais.
  • 8. Quais são as qualidades profissionais que o professor deve ter para ajudar os alunos a desenvolver competências ?

Antes de ter competências técnicas, ele deveria ser capaz de identificar e de valorizar suas próprias competências, dentro de sua profissão e dentro de outras práticas sociais. Isso exige um trabalho sobre sua própria relação com o saber. Muitas vezes, um professor é alguém que ama o saber pelo saber, que é bem sucedido na escola, que tem uma identidade disciplinar forte desde o ensino secundário. Se ele se coloca no lugar dos alunos que não são e não querem ser como ele, ele começará a procurar meios interessar sua turma por saberes não como algo em si mesmo, mas como ferramentas para compreender o mundo e agir sobre ele. O principal recurso do professor é a postura reflexiva, sua capacidade de observar, de regular, de inovar, de aprender com os outros, com os alunos, com a experiência. Mas, com certeza, existem capacidades mais precisas :
·  saber gerenciar a classe como uma comunidade educativa ;
·  saber organizar o trabalho no meio dos mais vastos espaços-tempos de formação (ciclos, projetos da escola) ;
·  saber cooperar com os colegas, os pais e outros adultos ;
·  saber conceber e dar vida aos dispositivos pedagógicos complexos ;
·  saber suscitar e animar as etapas de um projeto como modo de trabalho regular ;
·  saber identificar e modificar aquilo que dá ou tira o sentido aos saberes e às atividades escolares ;
·  saber criar e gerenciar situações problemas, identificar os obstáculos, analisar e reordenar as tarefas ;
·  saber observar os alunos nos trabalhos ;
·  saber avaliar as competências em construção.

  • 9. O que o professor pode fazer com as disciplinas ? Como empregá-las dentro deste novo conceito ?

Não se trata de renunciar às disciplinas, que são os campos do saber estruturados e estruturantes. Existem competências para dominantes disciplinares, para se trabalhar nesse quadro. No ensino primário, é preciso, entretanto, preservar a polivalência dos professores, não "secundarizar" a escola primária. No ensino secundário, pode-se desejar a não compartimentalização precoce e estanque, professores menos especializados, menos fechados dentro de uma só disciplina, que dizem ignorar as outras disciplinas. É importante ainda não repartir todo o tempo escolar entre as disciplinas, deixar espaços que favoreçam as etapas do projeto, as encruzilhadas interdisciplinares ou as atividades de integração.

  • 10. Como fazer uma avaliação em uma escola orientada para o desenvolvimento de competências ?

Não se formará competências na escolaridade básica a menos que se exija competências no momento da certificação. A avaliação é o verdadeiro programa, ela indica aquilo que conta. É preciso, portanto, avaliar seriamente as competências. Mas isso não pode ser feito com testes com lápis e papel. Pode-se inspirar nos princípios de avaliação autêntica elaborada por Wiggins. Para ele a avaliação :
·  não inclui nada além das tarefas contextualizadas ;
·  diz respeito a problemas complexos ;
·  deve contribuir para que os estudantes desenvolvam ainda mais suas competências ;
·  exigir a utilização funcional dos conhecimentos disciplinares ;
·  não deve haver nenhum constrangimento de tempo fixo quando da avaliação das competências ;
·  a tarefa e suas exigências são conhecidas antes da situação de avaliação ;
·  exige um certa forma de colaboração entre os pares ;
·  leva em consideração as estratégias cognitivas e metacognitivas utilizadas pelos estudantes ;
·  a correção não deve levar em conta o que não sejam erros importantes na ótica da construção de competências.

  • 11. Em quanto tempo pode-se ver os resultados dessas mudanças no sistema de ensino ?
Antes de avaliar as mudanças, melhor colocá-las em operação, não somente nos textos, mas no espírito e nas práticas. Isso levará anos se for um trabalho sério. Pior seria acreditar que as práticas de ensino e aprendizagem mudam por decreto. As mudanças exigidas passarão por uma espécie de revolução cultural, que será vivida primeiro pelos professores, mas também pelos alunos e seus pais. Quando as práticas forem mudadas em larga escala, a mudança exigirá ainda anos para dar frutos visíveis, pois será preciso esperar mais de uma geração de estudantes que tenha passado por todos os ciclos. Enquanto se espera, melhor implementar e acompanhar as mudanças do que procurar provas prematuras de sucesso.

  • 12. O que uma reforma como essa no ensino pode fazer por um país como o Brasil ?

Seu país confronta-se com o desafio de escolarização de crianças e adolescentes e da formação de professores qualificados em todas as regiões. E também uma desigualdade frente à escola, com a reprovação e o abandono. A abordagem por competências não vai resolver magicamente esses problemas. Mais grave seria &emdash; já que os programas estão sendo reformados, tirar recursos de outras frentes. Somente as estratégias sistêmicas são defensáveis. Entretanto, não vamos negligenciar três suportes da abordagem por competências, caso ela atenda suas ambições : ela pode aumentar o sentido de trabalho escolar e modificar a relação com o saber dos alunos em dificuldade ; favorecer as aproximações construtuvistas, a avaliação formativa, a pedagogia diferenciada, que pode facilitar a assimilação ativa dos saberes ; pode colocar os professores em movimento, incitá-los a falar de pedagogia e a cooperar no quadro de equipes ou de projetos do estabalecimento escolar. Por isso, é sensato integrar desde já as abordagens por competências à formação &emdash; inicial e contínua &emdash; e à identidade profissional dos professores. Não nos esqueçamos que, no final das contas, o objetivo principal é democratizar o acesso ao saber e às competências. Todo o resto não é senão um meio de atingir esse objetivo.

  • 13. O sr. agora está trabalhando em algum novo projeto ou assunto ?

Eu continuo a trabalhar na transposição didática a partir das práticas, sobre os dispositivos de construção de competências, tanto na escola como na formação profissional no setor terciário da economia. Isso anda paralelo à uma reflexão sobre os ciclos de aprendizagem, a individualização dos percursos, a aproximação modular dos curriculos. Eu trabalho também com estratégias de mudanças e suas aberrações conhecidas, como demagogia, precipitação, busca de lucros políticos a curto prazo, pesos desmedidos de lobbies disciplinares, simplificação, incapacidade de orientar e de negociar mudanças complexas distribuídas ao longo de pelo menos dez anos, dificuldade de definir uma justa autonomia dos estabelecimentos.

Para saber mais
Perrenoud, Ph. (1994) Práticas pedagógicas, profissão docente e formação : perspectivas sociológicas, Lisboa, D. Quixote.
Perrenoud, Ph. (1995) Ofício de aluno e sentido do trabalho escolar, Porto, Porto Editora.
Perrenoud, Ph. (1999) Avaliação. Da Excelência à Regulação das Aprendizagens, Porto Alegre, Artmed Editora.
Perrenoud, Ph. (1999) Construir as Competências desde a Escola, Porto Alegre, Artmed Editora.
Perrenoud, Ph. (1999) Pedagogia Diferenciada, Porto Alegre, Artmed Editora.
Perrenoud, Ph. (2000) Dez Novas Competências para Ensinar, Porto Alegre, Artmed Editora.

Biografia e contexto Histórico: Philippe Perrenoud.



O sociólogo suíço Philippe Perrenoud discorre sobre temas como formação, avaliação e desenvolvimento de competências.






Biografia: doutor em sociologia e antropologia, ele dá aulas nas Faculdades de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Genebra, nas áreas de currículo, práticas pedagógicas e instituições de formação. Escreveu 10 Novas Competências para Ensinar (Ed. Artmed); Ensinar: Agir na Urgência, Decidir na Incerteza, (Ed. Artmed) entre outros 



O que ele diz: relaciona num de seus livros as dez novas competências para ensinar. Também fala sobre avaliação, pedagogia diferenciada e formação 



Um alerta: as dez competências não contemplam todas as relações que se estabelecem em sala de aula. Por isso, nunca deixe de lado sua sensibilidade e afetividade. 



O sociólogo suíço Philippe Perrenoud é um dos novos autores mais lidos no Brasil. Com nove títulos publicados em português, vendeu nos últimos três anos mais de 80 mil exemplares. O principal motivo do sucesso é o fato de ele discorrer, de forma clara e explicativa, sobre temas complexos e atuais, como formação, avaliação, pedagogia diferenciada e, principalmente, o desenvolvimento de competências.



Esse é um dos pontos mais reconhecidos de seu trabalho. “Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações etc.) para solucionar uma série de situações”, explica ele. “Localizar-se numa cidade desconhecida, por exemplo, mobiliza as capacidades de ler um mapa, pedir informações; mais os saberes de referências geográficas e de escala.” A descrição de cada competência, diz , deve partir da análise de situações específicas. 



A abordagem por competência também é utilizada quando Perrenoud fixa objetivos na formação profissional. No livro 10 Novas Competências para Ensinar, ele relaciona o que é imprescindível saber para ensinar bem numa sociedade em que o conhecimento está cada vez mais acessível: 



1- Organizar e dirigir situações de aprendizagem; 

2- Administrar a progressão das aprendizagens; 

3- Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação; 

4- Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho; 

5- Trabalhar em equipe; 

6- Participar da administração escolar; 

7- Informar e envolver os pais; 

8- Utilizar novas tecnologias; 

9- Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão; 

10- Administrar a própria formação.

“Ele trouxe definitivamente à berlinda a discussão do profissionalismo”, ressalta Suzana Moreira, coordenadora pedagógica da Escola Projeto Vida, responsável por cursos de capacitação nas redes pública e particular. Nesse trabalho, ela incentiva a postura reflexiva destacada por Perrenoud. Numa primeira etapa, Suzana assiste a algumas aulas. Em seguida, conversa com o professor e faz com que ele questione a própria atuação. “Só depois de uma reflexão sobre erros e acertos, eu passo os referenciais teóricos. Todos têm o direito de errar para evoluir.” 


Perrenoud auxilia nessa tarefa ao levantar as grandes dificuldades encontradas por quem assume uma sala de aula. Quando escreveu sobre a comunicação entre aluno e professor, por exemplo, ele fez um levantamento para saber o que o segundo anotava nos cadernos e boletins dos primeiros. Pediu também, nas entrevistas com os colegas, uma lista de observações sobre o que se perde quando a comunicação em classe não funciona. Ao combinar essas informações, chegou a 11 dilemas sobre o assunto, como “Deixar falar ou fazer ficar quieto?” e “Como fazer justiça, sem interferir nas regras do jogo social?” “Embora não aponte a solução, ele tem o mérito de identificar os problemas”, afirma Lino de Macedo, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. 

                                                                                                              Fonte: www.educarparacrescer.abril.com.br