sexta-feira, 8 de junho de 2012

Texto Dissertativo: Lev Vygotsky


A pesquisa desenvolvida, no que tange o conceito de escola, ensino e aprendizagem, foi elaborada através de fontes de teoria de Vygotsky. Essa escolha dá-se ao fato dele ter realizado estudos sobre a infância e atribuir ao social, e conseqüentemente, à linguagem e a educação, papel decisivo na formação do ser humano, principalmente nos anos iniciais.
Vygotsky estruturava seu conhecimento dentro de uma proposta interdisciplinar. Para ele a aprendizagem é um processo social e, por isso, deve ser mediada. Nessa concepção, o papel da escola é orientar o trabalho educativo para estágios de desenvolvimento ainda não alcançados pelo aluno, impulsionando novos conhecimentos e novas conquistas a partir do que já sabe, constituindo uma ação colaborativa entre o educador e o aluno.
Lev de Seminovivh Vygotsky, viveu apenas 37 anos. Nasceu em 17 de novembro de 1896 em Orsah, capital da Bielo-Russia, região dominada pela Rússia descendentes de judeus, era de uma família de boas condições econômicas. Até os 15 anos sua família educou em casa, com tutores particulares. As 18 anos tentou ser médico, entrando no curso de medicina em Moscou, mas se formou em direito. De volta a terra natal em 1917 lecionou literatura, estética e história da arte e fundou um laboratório de psicologia, graças a sua cultura enciclopédica, seu pensamento inovador e sua intensa atividade, ganhou destaque, tendo produzido mais de 200 trabalhos científicos.
Casou com Roza Smekhova e tiveram duas filhas. Autor de grande importância para a educação, que vem sendo estudado muito atualmente e que possui uma característica interessante em sua teoria, a histórico-cultural, para o professor de línguas. Ele atribui extrema importância à linguagem e aos símbolos no processo de desenvolvimento da inteligência humana. O seu interesse pela Psicologia levou-o a uma leitura crítica de toda produção teórica de sua época, nomeadamente as teorias da "Gestalt", da Psicanálise e o "Behaviorismo", além das ideias do educador suíço Jean Piaget.
A experiência vivida na formação de professores levou-o ao estudo dos distúrbios de aprendizagem e de linguagem, das diversas formas de deficiências congênitas e adquiridas, a exemplo da afasia.
Em menos de 38 anos de vida, Vygotsky conheceu momentos políticos drasticamente diferentes, que tiveram forte influência em seu trabalho. Nascido sob o regime dos czares russos, Vygotsky acompanhou de perto, como estudante e intelectual, os acontecimentos que levaram à revolução comunista de 1917. O período que se seguiu foi marcado, entre outras coisas, por um clima de efervescência intelectual, com a abertura de espaço para as vanguardas artísticas e o pensamento inovador nas ciências, além de uma preocupação em promover políticas educacionais eficazes e abrangentes. Logo após a revolução, Vygotsky intensificou seus estudos sobre psicologia. Visitou comunidades rurais, onde pesquisou a relação entre nível de escolaridade e conhecimento e a influência das tradições no desenvolvimento cognitivo. Com a ascensão ao poder de Josef Stalin, em 1924, o ambiente cultural ficou cada vez mais limitado. Vygotsky usou a dialética marxista para sua teoria de aprendizado, mas sua análise da importância da esfera social no desenvolvimento intelectual era criticada por não se basear na luta de classes, como se tornara obrigatório na produção científica soviética.
Faleceu em Moscou, em 11 de junho de 1934, vítima de tuberculose, doença com que conviveu durante quatorze anos.
Em 1936, dois anos após sua morte, toda a obra de Vygotsky foi censurada pela ditadura de Stalin e assim permaneceu por 20 anos.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Philippe Perrenoud: Escola x Ensino e Aprendizagem.


 
Escola:

A escola é um local que deve trazer desafios aos educandos. Para o autor, a competência é uma faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos que levam o aluno a solucionar com pertinência e eficiência uma série de situações, sendo a escola o principal agente na aquisição e formação dessa competência.  Esta deve ser desafiadora, pois é um recurso importante para a vida toda.
Perrenoud assegura que na educação básica, mais importante que aprender a ler e escrever, é capacitar o aluno a raciocinar, exemplificar, resumir, observar, comparar, pensar, entre outros.  A meta do ensino deve ser preparar o aluno para utilizar esses recursos na sua vivência escolar, profissional, social. Cabe ao professor qualificar e aprimorar o aluno para atingir esse objetivo.
Segundo o autor, o sentido ou significado da “Escola do Futuro” envolve uma relação entre investimentos e resultados. Deve ter uma pedagogia eficaz que ajude o aluno a não se desestimular ao ver que o seu progresso tem pouca relação com o tamanho dos esforços empenhados.  Esse sentido tem, também, relação com o saber, com o projeto de vida; com a utilidade desse saber para a vida (sua necessidade). Os currículos por competência podem contribuir para dar mais sentido a esses saberes, ligando-os mais a ação.
As tecnologias, simulação, podem ajudar o aluno a entender melhor a utilização (representação) desses conhecimentos na solução dos problemas (práticas) sociais e a perceber, assim, que esses conhecimentos e competências são essenciais para sua vida, dentro e fora do ambiente escolar.
Neste sentido, as tecnologias podem desempenhar papel colaborativo ao passo que o mundo virtual pode contribuir para que o aluno tenha noção das representações práticas sociais e é a partir de então que o papel de mediador do professor é essencial para seguir as pistas traçadas por essa nova pedagogia e pelas pesquisas entre saber e a construção do sentido.  O sistema educativo precisa estar atento para as “diferenças”, pois acolhe crianças e adolescentes bastante diferentes.  Mas para que possamos atingir os objetivos esperados é necessário que tenhamos professores qualificados, com amplos conhecimentos na área das ciências humanas, com uso de práticas reflexivas e capacidade de inovação,  além de vontade política forte e duradoura.


Ensino:

Ensinar hoje, de acordo com os princípios pedagógicos construtivistas1, deveria ter por objetivo conceber, encaixar e regular situações de aprendizagem. A aprendizagem deve respeitar os conhecimentos pré-existentes do aluno, a escola deve unificar e regular o aprendizado, devendo ser o agente formador da competência cognitiva, pois a aprendizagem vai além da escola, surge de práticas pedagógicas. O veiculo utilizado pela escola é o ensino, que deve ser sólido e bem alicerçado.
O autor traz um modelo de educação que se baseia em ciclos de avaliação de três anos, onde a criança tem esse tempo para desenvolver suas habilidades, sendo esse o tempo necessário para que ela atinja um grau de maturidade e desenvolvimento, formando, assim, o processo de aprendizagem. A repetição de ciclos não é solução para as desigualdades. Estudos mostram que o atraso escolar não provoca a nivelação dos alunos, mas os deixa estigmatizados, continuam as dificuldades e são menores as chances no momento das decisões de orientação, sendo assim, não existem benefícios positivos para o aluno no alongamento de sua passagem por um ciclo. Defende, sim, uma diferenciação na qualidade dos tratamentos pedagógico e didático, ou seja, a verdadeira “discriminação positiva”: oferecer, aos com mais dificuldade, mais inteligência profissional, mais atenção, mais disponibilidade, sendo uma forma de justiça social; a cada um segundo suas necessidades. Sem descuidar dos bons alunos;  dar priorizar aos fracos e médios.  Assim, a escola deve seguir o
princípio  de urgência, ou seja,  priorizar aqueles que mais precisam de sua atenção.  Para Philippe o objetivo da profissionalização dos docentes é

1 O construtivismo propõe que o aluno participe ativamente do próprio aprendizado, mediante a experimentação, a pesquisa em grupo, o estimulo a dúvida e o desenvolvimento do raciocínio, entre outros procedimentos. A partir de sua ação, vai estabelecendo as propriedades dos objetos e construindo as características do mundo, etc
habilitá-los para a complexidade, diversidade e para as diversas situações que terá de enfrentar. Desta forma, poderá  atingir os pressupostos da competência na prática educacional, sendo  preciso esclarecer as urgências e as incertezas da ação pedagógica, sua parcela de criatividade, improvisação, solidão, desânimo, negociação, didática, conhecimentos racionais e capacidade de resolução de dificuldades.

Aprendizagem:

Para Perrenoud, é através de tarefas complexas que faz os alunos sentir a necessidade de pensar, mobilizar seus conhecimentos, e complementá-los na tarefa de solucionar problemáticas, projetos e tarefas desafiadoras. Surgindo, assim, a necessidade do desafio no cotidiano escolar. Os projetos escolares devem ser provocadores, recursos com os quais os alunos ampliem, completem e pratiquem o aprendizado em sala de aula.

Os ciclos de aprendizagem plurianuais estão sendo discutidos em vários sistemas educacionais do mundo.
Têm as seguintes ideias base: Substituir as etapas anuais de progressão por no mínimo dois anos (ou três ou quatro anos); fixar os objetivos de aprendizagem para cada ciclo e capacitar os profissionais da educação para orientar e facilitar os percursos de formação (aprendizagem) das crianças (como já é feito durante o ano letivo). Segundo o autor, esse é o caminho para transformar a escola em um ambiente mais justo e eficaz.
Para o autor, os ciclos não resolvem todos os problemas da escolarização, nem dos professores, nem, tampouco, os de infraestrutura. Mas, em regiões em que os alunos são escolarizados em boas condições, os ciclos oferecem uma organização diferenciada o que facilita  à luta contra o fracasso escolar ao  criar melhores condições, espaços e tempos de formação que favoreçam o uso de uma pedagogia diferenciada, uma individualização de recursos e um ensino estratégico.
Em seu livro, as 10 competências para ensinar, Perrenoud, 2000, os alunos estão classificados em baixo, médio e alto grau de aprendizagem. Para que o ensino chegue a todos os alunos, cabe ao professor ser criativo e elaborar tarefas que atinjam, principalmente, aqueles com mais dificuldade de aprendizado, dando a estes mais oportunidades de atingirem níveis mais elevados de conhecimento. Philippe (2000, p.33) salienta:

Salvo para alguns, aprender exige tempo, esforços, emoções dolorosas: angústias do fracasso, frustração por não conseguir aprender, sentimento de chegar aos limites, medo do julgamento de terceiros. Para consentir em tal investimento, e, portanto, tomar a decisão de aprender e conservá-la, é preciso uma boa razão. O prazer de aprender é uma delas, o desejo de saber é outra.

Desta forma, a estratégia do professor pode desenvolver-se de duas formas, a primeira criar, intensificar e diversificar o desejo de aprender e favorecer ou reforçar a decisão de aprender.
No que tange a avaliação, sob a ótica da competência, cabe à escola pensar na educação a partir de uma perspectiva de base democrática não se restringindo apenas à relação de igualdade, mas pensar também na relação entre os membros da comunidade escolar. Cabe destacar que os objetivos da avaliação são regular a autonomia dos agentes educacionais (alunos) bem como identificar as dificuldades destes no momento de se colocar em prática os processos pedagógicos. A avaliação para as competências é viabilizar a construção do lapso-temporal pedagógico que possa favorecer o desenvolvimento da postura prática e reflexiva.
O professor deve ser compromissado com o ato de ensinar, transformando o aprendizado em um ato agradável. O fato de o professor estar desmotivado (salários baixos) não deve justificar o repasse de uma educação deficitária, o que acaba por desestimular os alunos.




Referências Bibliográficas

E. Educacional. Entrevistas: O pensador de ciclos. Disponível em: <http://www.educacional.com.br/entrevistas/entrevista0108.asp> Acesso em 23 abril 2012.

Folha On Line. Colunistas: Philippe Perrenoud: O futuro da escola nos pertence. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u511.shtml> Acesso em 23 abril 2012.

InfoEscola - Navegando e Aprendendo. Biografias: Philippe Perrenoud. Disponível em: <Infohttp://www.infoescola.com/biografias/philippe-perrenoud/> Acesso em 25 abril 2012.

LIBÂNEO, José Carlos. Concepções de Escola, Ensino e Aprendizagem. Disponível em <http://autoresdoensino.blogspot.com.br/2011/12/philippe-perrenoud.html> Acesso em 02 maio 2012.

PERRENOUD, Philippe. Dez Novas Competências para Ensinar. Trad. Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Artmed, 2000. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/47434267/Philippe-Perrenoud-10-Novas-Competencias-Para-Ensinar> Acesso em 30 abril 2012.