Escola:
A escola é um
local que deve trazer desafios aos educandos. Para o autor, a competência é uma
faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos que levam o aluno a
solucionar com pertinência e eficiência uma série de situações, sendo a escola
o principal agente na aquisição e formação dessa competência. Esta deve ser desafiadora, pois é um recurso
importante para a vida toda.
Perrenoud assegura
que na educação básica, mais importante que aprender a ler e escrever, é capacitar
o aluno a raciocinar, exemplificar, resumir, observar, comparar, pensar, entre
outros. A meta do ensino deve ser
preparar o aluno para utilizar esses recursos na sua vivência escolar,
profissional, social. Cabe ao professor qualificar e aprimorar o aluno para
atingir esse objetivo.
Segundo o autor,
o sentido ou significado da “Escola do Futuro” envolve uma relação entre
investimentos e resultados. Deve ter uma pedagogia eficaz que ajude o aluno a
não se desestimular ao ver que o seu progresso tem pouca relação com o tamanho
dos esforços empenhados. Esse sentido
tem, também, relação com o saber, com o projeto de vida; com a utilidade desse
saber para a vida (sua necessidade). Os currículos por competência podem
contribuir para dar mais sentido a esses saberes, ligando-os mais a ação.
As tecnologias,
simulação, podem ajudar o aluno a entender melhor a utilização (representação)
desses conhecimentos na solução dos problemas (práticas) sociais e a perceber,
assim, que esses conhecimentos e competências são essenciais para sua vida,
dentro e fora do ambiente escolar.
Neste sentido,
as tecnologias podem desempenhar papel colaborativo ao passo que o mundo
virtual pode contribuir para que o aluno tenha noção das representações
práticas sociais e é a partir de então que o papel de mediador do professor é
essencial para seguir as pistas traçadas por essa nova pedagogia e pelas
pesquisas entre saber e a construção do sentido. O sistema educativo precisa estar atento para
as “diferenças”, pois acolhe crianças e adolescentes bastante diferentes. Mas para que possamos atingir os objetivos
esperados é necessário que tenhamos professores qualificados, com amplos
conhecimentos na área das ciências humanas, com uso de práticas reflexivas e
capacidade de inovação, além de vontade
política forte e duradoura.
Ensino:
Ensinar hoje, de
acordo com os princípios pedagógicos construtivistas1, deveria ter
por objetivo conceber, encaixar e regular situações de aprendizagem. A
aprendizagem deve respeitar os conhecimentos pré-existentes do aluno, a escola
deve unificar e regular o aprendizado, devendo ser o agente formador da
competência cognitiva, pois a aprendizagem vai além da escola, surge de
práticas pedagógicas. O veiculo utilizado pela escola é o ensino, que deve ser
sólido e bem alicerçado.
O autor traz um
modelo de educação que se baseia em ciclos de avaliação de três anos, onde a
criança tem esse tempo para desenvolver suas habilidades, sendo esse o tempo
necessário para que ela atinja um grau de maturidade e desenvolvimento, formando,
assim, o processo de aprendizagem. A repetição de ciclos não é solução para as
desigualdades. Estudos mostram que o atraso escolar não provoca a nivelação dos
alunos, mas os deixa estigmatizados, continuam as dificuldades e são menores as
chances no momento das decisões de orientação, sendo assim, não existem
benefícios positivos para o aluno no alongamento de sua passagem por um ciclo.
Defende, sim, uma diferenciação na qualidade dos tratamentos pedagógico e
didático, ou seja, a verdadeira “discriminação positiva”: oferecer, aos com
mais dificuldade, mais inteligência profissional, mais atenção, mais
disponibilidade, sendo uma forma de justiça social; a cada um segundo suas
necessidades. Sem descuidar dos bons alunos;
dar priorizar aos fracos e médios.
Assim, a escola deve seguir o
princípio de urgência, ou seja, priorizar aqueles que mais precisam de sua
atenção. Para Philippe o objetivo da
profissionalização dos docentes é
1 O construtivismo propõe que o aluno participe ativamente
do próprio aprendizado, mediante a experimentação, a pesquisa em grupo, o
estimulo a dúvida e o desenvolvimento do raciocínio, entre outros
procedimentos. A partir de sua ação, vai estabelecendo as propriedades dos
objetos e construindo as características do mundo, etc
habilitá-los
para a complexidade, diversidade e para as diversas situações que terá de
enfrentar. Desta forma, poderá atingir
os pressupostos da competência na prática educacional, sendo preciso esclarecer as urgências e as
incertezas da ação pedagógica, sua parcela de criatividade, improvisação,
solidão, desânimo, negociação, didática, conhecimentos racionais e capacidade
de resolução de dificuldades.
Aprendizagem:
Para Perrenoud, é
através de tarefas complexas que faz os alunos sentir a necessidade de pensar,
mobilizar seus conhecimentos, e complementá-los na tarefa de solucionar
problemáticas, projetos e tarefas desafiadoras. Surgindo, assim, a necessidade
do desafio no cotidiano escolar. Os projetos escolares devem ser provocadores, recursos
com os quais os alunos ampliem, completem e pratiquem o aprendizado em sala de
aula.
Os ciclos de
aprendizagem plurianuais estão sendo discutidos em vários sistemas educacionais
do mundo.
Têm as seguintes
ideias base: Substituir as etapas anuais de progressão por no mínimo dois anos
(ou três ou quatro anos); fixar os objetivos de aprendizagem para cada ciclo e
capacitar os profissionais da educação para orientar e facilitar os percursos
de formação (aprendizagem) das crianças (como já é feito durante o ano letivo).
Segundo o autor, esse é o caminho para transformar a escola em um ambiente mais
justo e eficaz.
Para
o autor, os ciclos não resolvem todos os problemas da escolarização, nem dos
professores, nem, tampouco, os de infraestrutura. Mas, em regiões em que os
alunos são escolarizados em boas condições, os ciclos oferecem uma organização
diferenciada o que facilita à luta contra
o fracasso escolar ao criar melhores
condições, espaços e tempos de formação que favoreçam o uso de uma pedagogia
diferenciada, uma individualização de recursos e um ensino estratégico.
Em seu livro, as 10
competências para ensinar, Perrenoud, 2000, os alunos estão classificados em
baixo, médio e alto grau de aprendizagem. Para que o ensino chegue a todos os
alunos, cabe ao professor ser criativo e elaborar tarefas que atinjam,
principalmente, aqueles com mais dificuldade de aprendizado, dando a estes mais
oportunidades de atingirem níveis mais elevados de conhecimento. Philippe
(2000, p.33) salienta:
Salvo
para alguns, aprender exige tempo, esforços, emoções dolorosas: angústias do
fracasso, frustração por não conseguir aprender, sentimento de chegar aos
limites, medo do julgamento de terceiros. Para consentir em tal investimento,
e, portanto, tomar a decisão de aprender e conservá-la, é preciso uma boa
razão. O prazer de aprender é uma delas, o desejo de saber é outra.
Desta forma, a estratégia do professor pode desenvolver-se de duas
formas, a primeira criar, intensificar e diversificar o desejo de aprender e favorecer
ou reforçar a decisão de aprender.
No que tange a avaliação, sob a ótica da competência, cabe à escola
pensar na educação a partir de uma perspectiva de base democrática não se
restringindo apenas à relação de igualdade, mas pensar também na relação entre
os membros da comunidade escolar. Cabe destacar que os objetivos da avaliação
são regular a autonomia dos agentes educacionais (alunos) bem como identificar
as dificuldades destes no momento de se colocar em prática os processos
pedagógicos. A avaliação para as competências é viabilizar a construção do
lapso-temporal pedagógico que possa favorecer o desenvolvimento da postura
prática e reflexiva.
O professor
deve ser compromissado com o ato de ensinar, transformando o aprendizado em um
ato agradável. O fato de o professor estar desmotivado (salários baixos) não
deve justificar o repasse de uma educação deficitária, o que acaba por desestimular
os alunos.
Referências
Bibliográficas